sexta-feira, 26 de abril de 2013


 

 Por Wayne Grudem 
 
 3. As palavras de Deus são o padrão supremo de verdade.

Em João 17, Jesus ora ao Pai: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo17.17). Esse versículo é interessante porque Jesus não usa um adjetivo, alēthinos oualēthēs (“verdadeira”), que era o esperado, para dizer que a ”tua palavra é a verdade”.
Ao contrário, ele usa um substantivo, alētheia (“verdade”), para dizer que a Palavra de Deus não é simplesmente “verdadeira”, mas é a própria verdade.
A diferença é significativa, porque essa afirmação nos encoraja a pensar na Bíblia não simplesmente como “verdadeira” no sentido em que a conformamos ao padrão mais alto de verdade, mas, antes, encoraja-nos a pensar da Bíblia como ela própria o padrão final de verdade. A Bíblia é a Palavra de Deus, e a Palavra de Deus é a definição última do que é verdadeiro e do que não é verdadeiro: a Palavra de Deus, em si mesma, é a verdade. Assim, devemos pensar na Bíblia como o padrão último da verdade, o ponto de referência pelo qual qualquer outra alegação de veracidade possa ser medida.As declarações que se conformam à Escritura são “verdadeiras”, ao passo que as que não se conformam à Escritura não o são.
Então, o que é a verdade? A verdade é o que Deus diz, e temos o que Deus diz (exatamente, não exaustivamente) na Bíblia.
Essa doutrina da veracidade absoluta da Escritura permanece em contraste claro com a concepção comum na sociedade moderna que muitas vezes é chamada pluralismo.
O pluralismo é o pensamento de que cada pessoa tem uma perspectiva sobre a verdade que é tão válida como a perspectiva de outra pessoa qualquer — portanto, não devemos dizer que a religião ou o padrão ético de outra pessoa esteja errado. De acordo com o pluralismo, não podemos conhecer a verdade absoluta; podemos somente ter perspectivas e expectativas próprias. Naturalmente, se o pluralismo é verdadeiro, a Bíblia não pode ser o que ela declara ser: as palavras que o único e verdadeiro Deus, o criador e juiz de todo o mundo, nos tem falado.
O pluralismo é um aspecto do pensamento contemporâneo global do mundo chamado pós-modernismo. O pós-modernismo não sustentaria simplesmente que nunca podemos encontrar a verdade absoluta; ele diria que a verdade absoluta não existe. Todas as tentativas de afirmar a verdade em uma ou em outra idéia são justamente o resultado de nossa origem, cultura, tendências, projetos pessoais (especialmente nosso desejo de poder). Tal visão do mundo, é claro, opõe-se diretamente à visão bíblica, que vê a Bíblia como verdade que nos foi dada da parte de Deus.

4. Podem alguns fatos novos contradizer a Bíblia?

Poderá qualquer novo fato científico ou histórico que venha a ser descoberto contradizer a Bíblia? Aqui podemos dizer com confiança que isso nunca acontecerá é algo impossível. Se qualquer “fato” suposto for descoberto que seja considerado contrário à Escritura, então (se entendemos a Escritura corretamente) tal “fato” deve ser falso, porque Deus, o autor da Escritura, conhece todos os fatos verdadeiros (passados, presentes e futuros). Nenhum acontecimento inesperado aparecerá do qual Deus não tenha tido conhecimento no passado e que não tenha levado em conta quando fez a Escritura ser escrita. Cada fato verdadeiro é algo que Deus já conhecia desde toda a eternidade e, portanto, não poderia contradizer as palavras de Deus na Escritura.
Não obstante, deve ser lembrado que o estudo científico ou histórico (assim como outras espécies de estudo da criação) pode fazer-nos reexaminar a Escritura para ver se ela realmente ensina o que pensamos que ela ensinava. Por exemplo, a Bíblia não ensina que o sol gira ao redor da terra só porque ela usa descrições dos fenômenos como os vemos de nossa perspectiva, nem pretende descrever as operações do universo de algum ponto “fixo” arbitrário em algum lugar no espaço. Todavia, até o estudo da astronomia ter avançado o suficiente para demonstrar a rotação da terra sobre o próprio eixo, as pessoas presumiam que a Bíblia ensinava que o sol girava ao redor da terra. Assim, o estudo dos dados científicos levou ao reexame dos textos bíblicos apropriados. Portanto, todas as vezes que confrontados algum “fato” que parece contradizer a Escritura, devemos não somente examinar os dados apresentados para demonstrar o fato em questão; devemos também reexaminar os textos bíblicos apropriados para ver se a Bíblia realmente ensina o que pensamos que ela ensina. Podemos fazer isso com confiança, pois nenhum fato verdadeiro jamais contrariará as palavras do Deus que conhece todos os fatos e que nunca mente.

Autor: Wayne Grudem
Fonte: Teologia Sistemática do Autor; Ed. Vida Nova. 

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott